A proposta do fim da jornada 6x1 no varejo farmacêutico, com redução para 36 horas semanais, abre uma discussão estratégica e impactante para o setor. Essa mudança pode gerar benefícios e desafios, exigindo análise minuciosa dos impactos no mercado do varejo farmacêutico.

Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo), ressalta que a escala 6x1 limita o desenvolvimento profissional e pessoal dos farmacêuticos, dificultando de dedicar tempo aos estudos ou à convivência familiar e social.

Para Polacow, a maioria dos profissionais defende alternativas como as escalas 5x2, 12x36 ou regimes de plantão, considerando que a flexibilização tornaria o setor mais atrativo para mão de obra qualificada, revertendo a dificuldade atual de contratação.

A redução da jornada é vista como uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida dos farmacêuticos, reduzir o estresse e promover a saúde mental e aumento da produtividade.

Contudo, a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) expressa preocupações sobre os custos dessa mudança.

Sérgio Mena Barreto, CEO da associação, afirma que a folha de pagamento já representa a maior despesa do varejo farmacêutico, e que alterações sem contrapartidas podem comprometer a sustentabilidade financeira, especialmente em pequenas farmácias.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) reforça o posicionamento, alegando que a redução obrigatória prejudicaria a competitividade, principalmente de micro e pequenas empresas do setor.

O debate no Congresso Nacional sobre a proposta ainda não tem consenso, mas especialistas destacam que, se aprovada, a implementação deverá ser gradual, equilibrando as necessidades dos trabalhadores e a viabilidade operacional do varejo farmacêutico.

A jornada 6x1 no varejo farmacêutico apresenta um dilema: enquanto pode melhorar as condições de trabalho e qualidade de vida dos profissionais, carrega riscos para a saúde financeira das empresas e para a manutenção dos serviços farmacêuticos prestados à população, tendo em vista que hoje no país as farmácias têm servido com pontos de atendimento à saúde.

Fontes: Conselho Regional de Farmácia -SP, BBC NEWS, Guia da Farmácia, Veja